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19.01.2015 |

Relato do brasileiro que foi fuzilado na Indonésia por tráfico de drogas - Parte 02


Para ele, o dinheiro valia o risco: "A venda em Bali iria me deixar bem de vida para sempre" - na ocasião, ele não falou em contas hospitalares penduradas.

br />Marco parecia exagerar no número de vezes que cruzou fronteiras pelo mundo como mula de drogas: "Fiz mais de mil gols". Com o dinheiro fácil manteve apartamentos em Bali, Hawai e Holanda, sempre abertos aos amigos: "Nunca me perguntaram de onde vinha o dinheiro pras nossas baladas".

br />Marco guardava na cadeia uma pasta preta com fotos de lindas mulheres, carrões e dos apartamentos luxuosos, que seriam aqueles onde ele supostamente teria vivido no auge da carreira de traficante.
Num de seus giros pelo mundo ele fez um cursinho de chef na Suíça, o que foi de utilidade em Tangerang. Às vezes, cozinhava para o comandante da cadeia, em troca de regalias.

br />Eu o vi servindo salmão, arroz à piemontesa e leite achocolatado com castanhas para sobremesa. O fornecedor dos alimentos era Dênis, um ex-preso tornado amigão, que trazia os suprimentos fresquinhos do supermercado Hypermart.

br />Marco queria contar como era esta vida "fantástica" e se preparou para botar um diário na internet. Queria contratar um videomaker para acompanhar seus dias.

Negociava exclusividade na cobertura jornalística, queria escrever um livro com sua experiência - o que mais tarde aconteceu, pela pena de um jornalista de São Paulo. Um amigo prepara um documentário em vídeo para eternizá-lo.
Foi um dos personagens de destaque de um bestseller da jornalista australiana Kathryn Bonella sobre a vida glamurosa dos traficantes em Bali - orgias, modelos ávidas por festas e drogas depois de sessões de fotos, mansões cinematográficas.

br />Diplomatas se mexeram nos bastidores para tentar comprar uma saída honrosa para Marco. Usaram desde a ajuda brasileira às vítimas do tsunami até oferta de incremento no comércio, sem sucesso. Os indonésios fecharam o balcão de negócios.

br />O assessor internacional de Dilma, Marco Aurélio Garcia, disse que o fuzilamento deixa "uma sombra" nas relações bilaterais, mas na lateral deles o pessoal não tá nem aí.
A mãe dele, dona Carolina, funcionária pública estadual no Rio, se empenhou enquanto deu para livrar o ‘garotão' da enrascada, até morrer de câncer, em 2010.

br />As visitas dela em Tangerang eram uma festa para o staff da prisão, pra quem dava dinheiro e presentes, na tentativa de aliviar a barra para o filhão.
Com este empurrão da mamãe Marco reinou em Tangerang, nos primeiros anos - até ser transferido para outras cadeias, à espera da execução.

br />Eu o vi sendo atendido por presos pobres que lhe serviam de garçons, pedicures, faxineiros. Sua cela tinha TV, vídeo, som, ventilador, bonsais e, melhor ainda, portas abertas para um jardim onde ele mantinha peixes num laguinho. Quando ia lá, dona Carola dormia na cama do filho.

br />Marco bebia cerveja geladinha fornecida por chefões locais que estavam noutro pavilhão. Namorava uma bonita presa conhecida por Dragão de Komodo. Como ela vinha da ala feminina, os dois usavam a sala do comandante para se encontrar.

br />A malandragem carioca ajudou enquanto ele teve dinheiro. Ele fazia sua parte esbanjando bom humor. Por todos os relatos de diplomatas, familiares e jornalistas que o viram na cadeia de tempos em tempos, Marco, apelidado Curumim em Ipanema, sempre se mostrou para cima. E mantinha a forma malhando muito.

 

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