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05.10.2016 |

Aluno cedrense tem texto selecionado para a Olimpíada De Língua Portuguesa em Fortaleza - Ceará


O texto de memórias literárias 'Gol de Placa', escrito pelo aluno DOGLAS ALBÔNICO da Escola de Ensino Fundamental Osní Medeiros Régis de Mariflor, São José do Cedro, foi selecionado para participar da etapa regional da 5ª Olimpíada de Língua Portuguesa "Escrevendo o Futuro".

 

O texto de DOGLAS foi escolhido entre 871 textos de todo o estado de Santa Catarina, enviados pelas comissões municipais. Ao todo eram 29 vagas. O texto representa Santa Catarina no cenário nacional e leva o nome de São José do Cedro a todo o país.

 

DOGLAS ALBONICO é filho de ANGELINO e FABIANA ALBONICO, tem 13 anos, estuda no sétimo ano do ensino fundamental, sendo um aluno muito dedicado aos estudos.

 

A professora de Língua Portuguesa, LUIZANE SCHNEIDER, foi quem orientou a produção de texto de DOGLAS. Ela comenta que foram realizadas várias oficinas com intuito de trabalhar o gênero de memórias. "Trabalhamos vários textos do gênero, identificamos os conceitos, a escola nos proporcionou a visita ao Museu Histórico Professor Edvino Höeslscher de Guaraciaba com todas as turmas, também foi realizada uma exposição de peças antigas na própria escola com apresentação a todas as turmas e, finalmente, foi dado início à produção do texto. Muita leitura, esforço dos alunos, leituras, a entrevista, revisões, enfim muito trabalho, dedicação de todos os envolvidos até colhermos o este resultado.", destaca a professora.

 

É importante lembrar que essa é a segunda vez que a escola da Mariflor conquista esse feito. A primeira vez foi em 2010 na categoria crônica com a aluna FRANCIELI NIELSSON, orientada também pela professora LUIZANE.

 

O sucesso alcançado em duas edições da Olimpíada de Língua Portuguesa reflete o resultado de uma parceria bem sucedida entre professores, alunos, direção e a própria família. "É preciso todo esse conjunto estar emanando esforços para o aluno alavancar êxito na sua caminhada escolar. Para a escola e a comunidade, certamente, é uma honra termos esse reconhecimento" comenta a diretora.

 

O aluno e a professora participarão nos dias 16 a 18 de novembro, em Fortaleza de oficinas presenciais com o objetivo de aprimorar os processos de escrita e leitura.

 

A Olimpíada de Língua Portuguesa "Escrevendo o Futuro" é um concurso de produção de textos para alunos de escolas públicas de todo o país, do 5º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio. Iniciativa do Ministério da Educação e da Fundação Itaú Social, com coordenação técnica do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), em 2016 promove sua 5ª edição.

 

Para além da seleção e premiação de textos, a Olimpíada propõe para o professor de língua portuguesa uma formação que o auxilie na reflexão e compreensão da função social da escrita, fortalecendo o seu trabalho em sala de aula.

 

A experiência de produção de textos possibilita aos alunos a ampliação de suas competências na linguagem oral, na leitura e na escrita, além de aprofundar o olhar sobre o lugar em que vivem, aproximando a comunidade da escola.

 

 

 

'GOL DE PLACA'

Doglas Albônico

 

 

"Quando as coisas estão acontecendo não temos a dimensão exata do que realmente se passa. Hoje consigo compreender uma série de acontecimentos pelos quais passei ao longo da minha estrada. Nossa vida nada mais é do que uma viagem por uma estrada com curvas e retas.

 

 

Meu caminho nessa estrada começou em 13 de dezembro de 1931. Hoje, com quase 84 anos, percebi que muita coisa mudou... as coisas que eram modernas quando eu era jovem, hoje estão no museu; as casas eram de madeira, agora de alvenaria. Até o modo de se comunicar mudou, cartas e, inclusive, ligações são raras, tudo foi substituído por um aparelho chamado celular.

 


Quando me mudei para São José do Cedro, tinha 33 anos. Isso foi em 1966. A cidade tinha poucas casas, todas com uma arquitetura rústica e os cedros povoavam o que hoje tornou-se o centro da cidade. Hoje Cedro, como assim também é chamada, é uma cidade relativamente pequena, com ruas asfaltadas e com alguns aspectos de sustentabilidade em suas casas: aquecimento solar, arquitetura pensada com fachadas que propiciam maior iluminação e até tratamento em algumas residências da água da chuva. Quanta evolução em algumas décadas...Ontem o que derrubávamos para viver, hoje se tornou crime ambiental!

 


Naquela época era comum os gaúchos migrarem para Santa Catarina com a intuição de colonizar novas terras. Migramos do Rio Grande do Sul para Santa Catarina de caminhão: nossa família, nossas coisas e nossos sonhos.

 


Naquele tempo, para passearmos, íamos a pé ou a cavalo. Hoje vão de carro até para dar uma chegada no vizinho. Brincávamos de pega-pega, de pular corda e pente de macaco. Hoje crianças de cinco anos têm celulares e ainda respondem aos pais. Na minha época os pais falavam, eu baixava a cabeça e os obedecia. Sempre tive respeito.

 


Nessa estrada, não aprendi a dirigir carro.

 


Certa vez tentei no campo do interior do Cedro, mas perdi o controle e quase fiz um "gol" dirigindo. Eu entrei no campo, entrei no corcel e virei a chave, estavam me orientando de fora do carro. Pisei no acelerador e dirigi loucamente. Me senti um piloto de fórmula 1, mas do nada vi que não estava tão bem assim, imaginei uma coisa, estava acontecendo outra, estava indo em direção ao arco e escutei todos gritando:

 


_ Puxa o brééquee! Puxei o freio de mão e fui rodopiando até dentro do gol. Arranhei a placa do carro após adentrar na goleira. Foi um susto! Não consegui aprender a dirigir. Mesmo assim sonhava em ter uma caminhoneta. Sempre olhei diferente para aquelas máquinas, grandes e potentes. Carros pequenos não poderiam carregar em seu porta malas o peso e a quantidade de coisas que cabem em sua caçamba, também, sempre achei muito bonita, ideal para o interior.

 


Passaram-se muitos anos e nessa estrada muitas coisas aconteceram. Aos 83 anos e com muito suor, consegui há 2 anos atrás realizar meu sonho, sonho de um velho sonhador e lutador que acredita no impossível. Mas esse não foi o maior sonho da minha vida. O maior mesmo era ajudar na vida de meus filhos, felizmente consegui, dando o enxoval a minhas seis filhas e dando terras para meus quatro filhos. Foi nesse momento que olhei para trás e vi como o mundo é bom! As pedras podem virar um caminho e os problemas podem virar conquistas.

 


Agora, com meus sonhos realizados, com uma família enorme, sento em minha cadeira de balanço e fico olhando, olhando para além do horizonte, recordando os momentos bons e, é claro, os ruins, recordando meus erros, os erros que me tornaram uma pessoa melhor...E assim sigo na estrada da vida, a estrada de um piloto que não aprendeu dirigir um carro, mas guiar com firmeza seus passos."

 

(Texto baseado na entrevista com o Sr. Vitório Albônico de 83 anos).

 

 

Glossário
Cedro - Árvore nativa que originou o nome da cidade, na sombra da qual, os pioneiros repousavam.

 

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