Assassinadas na última segunda-feira dentro da própria casa no interior de Cunha Porã, as irmãs JULYANE HORBACH, 23 anos, RAFAELA, 15 anos, e FABIANA, 12 anos, engrossam a lista de homicídios por violência doméstica no Oeste do Estado.
A nossa região é confirmada com o maior número de mortes desse tipo de crime em Santa Catarina nos últimos dois anos.
O principal suspeito da tragédia em Cunha Porã é o ex-namorado de uma das vítimas, JACKSON LAHR, 24 anos.
Em 2016, 15 mulheres foram mortas pelo parceiro ou parente no Oeste, quatro casos a mais do que o registrado no Norte catarinense, segunda região do Estado com o maior número de ocorrências.
Além do crime desta semana, em 23 de janeiro duas mulheres e um homem foram mortos em Barra Bonita, cidade 57 quilômetros distante de Cunha Porã, também pelo ex-namorado de uma delas.
De acordo com a delegada responsável pela Coordenadoria das Delegacias Especializadas no Atendimento à Mulher, Criança, Adolescente e Idoso de Santa Catarina, PATRÍCIA ZIMMERMANN D'ÁVILA, o triplo homicídio deve ser enquadrado como feminicídio, com pena prevista entre 12 e 30 anos para cada caso.
Para a delegada, apesar de as estatísticas apontarem mais casos no Oeste, não há como analisar os motivos dessa diferença em relação às outras regiões.
Para diminuir as estatísticas, a delegada acredita que o melhor a ser feito é o trabalho com equipes multidisciplinares, onde há o acompanhamento da vítima, dos autores e até mesmo dos filhos.
Esses grupos atuam quando as mulheres registram boletins de ocorrência. No entanto, somente 81 cidades catarinenses possuem estrutura para o serviço e, na maioria dos casos, as vítimas retiram as queixas por medo ou mudança de comportamento do parceiro.
Para coibir os casos de violência doméstica, o 2º Batalhão da Polícia Militar de Chapecó iniciou em novembro do ano passado um projeto-piloto que prevê o acompanhamento do cumprimento de medidas protetivas.
Em relação ao crime em Cunha Porã, o suspeito disse, em depoimento à polícia, que não se lembra do momento em que teria esfaqueado as vítimas.
Mas, segundo o delegado responsável pelo caso, JOEL SPECHT, não há dúvida sobre a autoria do triplo homicídio. Em depoimento, ele teria dito que cometeu o crime após ter sido impedido de ver a filha de dois meses que tinha com RAFAELA.
As irmãs foram mortas por volta das 21 horas e 30 minutos de segunda-feira na Linha Sabiazinho, no interior de Cunhã Porã.
Além delas, o marido de JULYANE, GILVANE MEYER, 25 anos, também foi ferido, mas conseguiu escapar ao se fingir de morto.
Ainda segundo o delegado, RAFAELA já tinha registrado um boletim de ocorrência contra JACKSON, que chegou a ser proibido de se aproximar dela. Ela disputava na justiça o pagamento de pensão e ele, o direito de ver a criança.
O crime ocorreu no feriado de Carnaval que pretendia reunir a família HORBACH para um churrasco. Eles, no entanto, acabaram se reunindo para chorar e lamentar a morte das três irmãs.
O enterro das vítimas aconteceu na tarde desta terça-feira, em Cunha Porã. JULYANE e RAFAELA moravam com o marido da mais velha, GILVANI MEYER, e o filho de RAFAELA, de dois meses.
FABIANE tinha ido visitar as irmãs no feriado e acabou sendo vítima também. Sobraram o bebê, ileso, e MEYER, que está hospitalizado em São Miguel do Oeste, no hospital regional.
"É terrível, era para a gente estar junto e agora as três estão ali", disse o pai, NEURI HORBACH, 52 anos, apontando para o caixão das filhas, que foram veladas no salão da Igreja Evangélica Congregacional do Brasil, em Cunha Porã.
O enterro ocorreu no final da tarde de terça-feira. O ex-namorado de RAFAELA e pai de seu filho, JACKSON LAHR, 24 anos, foi preso em flagrante pelo triplo homicídio e está na cadeia pública.
O pais disse que a filha começou a namorar com LAHR e engravidou dele ainda com 14 anos.
Mas depois ela havia descoberto que o namorado tinha outra namorada. Com isso, terminou o relacionamento e deixou de permitir que ele visitasse a criança.
NEURI confirma as ameaças que o ex-namorado fez. Primeiro foi para a irmã mais velha, que teria acolhido RAFAELA em sua casa. Depois se estendeu para toda a família.
A dor da família HORBACH chocou toda a cidade de Cunha Porã, com 11 mil habitantes. Até os policiais, acostumados a atender ocorrências de violência, ficaram estarrecidos com o caso.
Na cidade, um homicídio já era algo incomum, três de uma vez abre uma ferida social que se transforma em dor não apenas familiar, mas coletiva.
Foto: Ilustração
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